Você sabia que o setor de graxaria é um grande gerador de renda na agroindústria brasileira? O setor processa cerca de 12,4 milhões de toneladas de matéria crua/ano, produzindo 5,3 milhões de toneladas de farinhas e gorduras a cada ano que movimentam R$ 7,9 bilhões.
Tais números mostram a importância da indústria da reciclagem animal no Brasil. Além da questão econômica, a graxaria representa um processo sustentável importante, já que ajuda a diminuir os impactos ambientais e sociais decorrentes do descarte incorreto deste tipo de resíduo.
Porém, o setor é caracterizado pela elevada emissão de odores. Para contribuir com a solução deste problema a Cetesb, em parceria com os membros do SINCOBESP, criou o Manual de Ações Ambientais Estratégicas – Graxaria.
Este manual foi elaborado e redigido para fornecer orientações quanto à adoção de medidas necessárias ao bom desempenho das atividades ligadas à graxaria, de acordo com as boas práticas de coleta e processamento, e também atendendo à legislação ambiental.
Quer saber mais sobre as diretrizes e propostas desse manual? Acompanhe nosso texto de hoje.
Manual de boas práticas de uma graxaria: Justificativa e objetivos
Um dos principais aspectos ambientais relacionados a uma graxaria é a elevada emissão de odores ocorrida principalmente nas etapas de armazenamento de matéria-prima, transporte e processos relacionados ao cozimento ou digestão de resíduos e/ou subprodutos de origem animal.
Para ajudar a sanar este problema, foi desenvolvido este manual. Ele visa apresentar medidas preventivas que, quando implementadas corretamente, irão contribuir para a redução de emissão de odores, comuns no ramo da graxaria.
O manual destinado à indústria da Graxaria foi elaborado com o objetivo de fornecer orientações relacionadas à adoção de medidas necessárias ao bom desempenho das atividades nestes estabelecimentos, de acordo com as boas práticas de coleta e processamento.
O setor tem melhorado muito nos últimos anos, mas certamente a publicação deste Manual ajudará a melhorar ainda mais a relação entre as empresas do setor e o Órgão Ambiental, no caso a Cetesb.
Por que implantar boas práticas em uma graxaria?
As discussões sobre o Manual iniciaram-se há mais de 10 anos. Ele foi elaborado em parceria entre os membros do SINCOBESP (Sindicato Nacional dos Coletores e Beneficiadores de Subprodutos de Origem Animal) e integrantes da Câmara Ambiental dos Setores de Abate, Frigorífico e Graxarias da CETESB mediante a realização de estudos, pesquisas e inúmeras reuniões para sua discussão.
Assim, em 2017 foi criado o “Manual de Ações Ambientais Estratégicas – Graxarias”, cujo principal objetivo é a definição de estratégias para a redução de emissão de odores na graxaria, especialmente em períodos onde há pico de produção (caso das festas de Natal e Ano Novo).
Nestes períodos, geralmente ocorre aumento no consumo de carnes e aves com consequente maior produção de resíduos e/ou subprodutos, acarretando em aumento nas operações de transporte, recebimento e processamento de matérias-primas (sebos e ossos), que quando realizadas incorretamente, podem aumentar significativamente a emissão de odores.
Principais propostas do manual de boas práticas
Como já dito, muitas foram as reuniões realizadas pelos órgãos competentes que visavam identificar os principais problemas relacionados aos odores gerados nos diversos setores de uma graxaria.
Com o melhor entendimento destas questões foi desenvolvido o manual. Esse manual identifica alguns dos problemas presentes na graxaria e busca propor medidas para soluciona-los.
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Logística e Racionalização do transporte
Identificou-se que um dos maiores problemas enfrentados pelo setor da graxaria relaciona-se ao tempo de transporte das matérias-primas.
Devido às longas distâncias, a matéria-prima pode chegar à Graxaria externa ou independente (longe do abatedouro) já em processo de putrefação, causando a emissão de odores muito intensos.
Assim, as propostas preliminares aventadas pelo Setor de Abate, Frigorífico e Graxaria apresentadas no manual visam reduzir o tempo de transporte, reduzindo os efeitos da putrefação. Tais medidas são:
- Incentivo à permuta de fornecedores e de matéria-prima;
- Introdução da roteirização computadorizada da frota; e
- Elaboração de um Manual de Boas Práticas de Coleta.
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Manutenção preventiva dos equipamentos
Segundo o manual, a manutenção preventiva dos equipamentos é fundamental, pois objetiva minimizar ocorrências de quebras de equipamentos, principalmente quando há sobrecarga de operação.
O manual indica que é fundamental reduzir o tempo de reparo no caso eventual de paralisação da produção por falha mecânica, elétrica ou operacional, isso porque uma possível paralisação aumenta o tempo de estocagem da matéria-prima, favorecendo sua decomposição e, consequentemente, aumentando a geração de odores.
Quanto à manutenção, o manual propõe ainda:
- Aquisição de peças e componentes reserva, para pronta reposição, evitando-se longos períodos de paralisação;
- Caso ocorra a quebra de algum equipamento e sua manutenção demande um longo período para manutenção, recomenda-se contatar outras Empresas do Setor para envio de matéria-prima, desde que esta possua capacidade ociosa e paralisar de imediato o processo de cocção;
- Comunicar à CETESB sobre a quebra de qualquer equipamento da graxaria, informando o tempo de paralisação e, se for o caso, o tempo necessário à sua manutenção e as medidas adotadas, a fim de evitar quaisquer passivos em decorrência da quebra;
- Monitorar e inspecionar a eficiência dos tratamentos efetuados para minimizar a emissão de poluentes, especialmente, odores.
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Matérias-primas excedentes
O manual também sugere propostas para as situações de pico de produção, como as ocorridas nos finais de ano. Quando houver excesso de matéria-prima para processamento, o presente manual propõe a adoção das seguintes medidas:
- Enviar a matéria-prima excedente a outra graxaria, desde que esta tenha a capacidade para recebê-la;
- Envio do excedente a aterros sanitários ambientalmente aptos;
- Atendimento das Exigências Técnicas da Licença de Operação principalmente quanto ao armazenamento e refrigeração da matéria-prima e do produto acabado e a instalação de equipamento de Controle de gases, para que os odores, não sejam perceptíveis além dos limites do estabelecimento.
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Organização e Limpeza gerais
Em qualquer graxaria, a matéria-prima é sempre de origem animal, por isso é de extrema importância a adoção de medidas preventivas e de limpeza a fim de evitar o acúmulo de resíduos dentro do processo produtivo que irão evitar a ocorrência de vetores e principalmente odores.
Neste contexto de limpeza e organização, as principais propostas do manual são:
- Todas as áreas, principalmente a área de circulação de matérias-primas, devem ser revestidas com pisos impermeáveis, sendo higienizadas diariamente;
- As paredes, cantos e equipamentos também devem ser inclusos na rotina de higienização da Empresa, inclusive com a adoção de cronogramas de limpeza, evitando-se dessa forma, qualquer acúmulo inesperado nas instalações;
- Utilização dos parâmetros de limpeza e organização exigidos pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), além dos parâmetros estabelecidos pela CETESB e aqueles previstos na Licença de Operação de cada Empresa;
- Caminhões devem ser mantidos limpos, com higienização diária, após a descarga de matérias-primas na Empresa.
Além destas questões apresentadas, o manual indica que a comunicação representa uma importante ferramenta para o bom desenvolvimento das atividades em uma graxaria.
Segundo o manual, essa comunicação deve ser rotineira e transparente a ponto de trazer melhorias significativas nas relações entre as Empresas do Setor (graxaria) com a CETESB, comunidades vizinhas, fornecedores e funcionários.
Essa comunicação estará baseada na comunicação interna (treinamentos de funcionários) e externa (relacionamento com agentes fiscalizadores, comunidades vizinhas, fornecedores e empresas do setor).
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