As graxarias são caracterizadas por serem mini fábricas geralmente associadas aos frigoríficos que têm como função um melhor aproveitamento dos resíduos gerados pelo abate de aves, suínos ou bovinos, reciclando-os e transformando-os em produtos secundários com bom valor comercial.
Até pouco tempo atrás, toda graxaria era considerada apenas como um “mal necessário”, servindo apenas para dar um destino mais correto e sustentável aos subprodutos do abate. Porém, raramente existiam preocupações para com as condições de trabalho e o bem-estar de trabalhadores.
Com o avanço da economia e do número de abates no Brasil, as graxarias começaram a ganhar maior importância no setor frigorífico, que começou a entender a importância da reciclagem animal. Entretanto, os problemas ergonômicos e de segurança ainda se fazem presentes nestes estabelecimentos, gerando muitos problemas aos trabalhadores.
Conheça os problemas ergonômicos e de segurança mais recorrentes em graxarias e saiba como reduzi-los para que as condições de trabalho dos colaboradores sejam as melhores possíveis.
Segurança e ergonomia em graxarias: Preocupação deve ser constante
As graxarias são caracterizadas por serem o setor terminal de um processo industrial, responsável pelo processamento de subprodutos decorrentes do abate, tais como penas, vísceras, pelos, cascos, sangue e muitos outros resíduos.
Para realizar o correto processamento destes subprodutos as graxarias geralmente são equipadas com diversas máquinas e equipamentos que são responsáveis por realizar diferentes operações com a máxima eficiência produtiva, tais como moagem, trituração, cozimento e prensagem. Estes são equipamentos complexos e por isso apresentam certo grau de perigo quando mal operados.
Por essa razão, a atenção dos colaboradores de graxarias deve ser constante, já que algumas máquinas utilizadas nestes ambientes (autoclaves, digestores e demais vasos de pressão) trabalham sempre sob elevada pressão, em um ambiente caracterizado por ser bastante corrosivo e com processos ocorrendo quase sempre em altas temperaturas.
Mesma preocupação deve ocorrer com a ergonomia do trabalhador destes ambientes. Quando as graxarias não são totalmente automatizadas e são compostas por processos e equipamentos mais básicos, os colaboradores diariamente carregam pesos elevados de forma repetitiva, precisam retirar a umidade das penas de forma manual e abastecem os equipamentos com a matéria-prima, tais fatores podem causar fadiga excessiva, cansaço e problemas ergonômicos ao longo do tempo.
Por estas razões os cuidados com a segurança e a ergonomia dos trabalhadores de graxarias precisam sempre ser considerados constantemente.
Principais problemas ergonômicos e de segurança em graxarias
Assim como ocorre na grande maioria dos processos industriais, alguns são os problemas de segurança e de ergonomia a serem observados nas graxarias. Os problemas mais comuns se baseiam nas seguintes causas:
Alta temperatura: As temperaturas costumam ser bastante elevadas em alguns pontos dentro de uma graxaria visto que a parte mais importante do processo de produção de farinhas e óleos é baseado no cozimento, que demanda altas temperaturas.
O cozimento normalmente é realizado sob elevada pressão, em temperaturas que variam entre 120 a 150ºC dentro dos equipamentos, com tempos que variam de 1 a 4 horas, portanto a constante exposição as altas temperaturas ao redor deles pode representar um grande problema para o trabalhador se ele não seguir todas as regras de segurança e manuseio.
Falta de limpeza e manutenção das máquinas: Quando as máquinas não recebem a devida limpeza, pode haver pouca visibilidade dos mostradores, acarretando em problemas de leitura dos dados, podendo ocasionar sérios problemas à segurança do trabalhador.
Posturas incorretas assumidas pelos operadores: Ocorrem principalmente no primeiro momento de carregamento do digestor quando realizado manualmente por caixotes e quando há retirada do restante de produto com pá entro do digestor ou, no final do processo quando a farinha for ensacada em sacos de 20-25 kg e devem empilhar em pallets.
Tais processos exigem muito esforço físico por parte do trabalhador, que se não forem seguidas as recomendações, podem ocasionar sérios problemas ergonômicos.
Ruído elevado: assim como na grande maioria das indústrias, os ruídos costumam ser muito elevados em graxarias, principalmente aquelas de porte médio a grande, que fazem uso de grandes máquinas. Quando em excesso, esses ruídos podem afetar seriamente a saúde auditiva de trabalhadores.
Presença excessiva de umidade em algumas etapas: em algumas etapas do processo o teor de umidade costuma ser bastante elevado, principalmente quando se usa penas.
Presença de agentes biológicos nocivos à saúde: Apesar de raro, a matéria-prima utilizada nas graxarias pode estar contaminada com vírus e bactérias, capazes de ocasionar riscos à saúde do trabalhador.
Odor excessivo: Nas fábricas de porte médio, a não presença de um sistema eficiente de tratamento de odor pode causar odores bastante intensos e desagradáveis, principalmente em razão do volume processado.
Se não houver uma estação de tratamento de odor (lava-gases) instalada, o odor exalado durante o processamento no digestor sairá pela boca de saída dos gases podendo afetar todo o frigorífico.
Medidas para melhorar as condições de trabalho em graxarias
Perante a todas essas causas de problemas ergonômicos e de segurança, o setor tem um grande desafio: Ele precisa contornar essas dificuldades e transformar a “graxaria” do passado em verdadeiras “fábricas de farinhas e óleos” do futuro.
Para isso, investir continuamente em programas de treinamento e capacitações, além da constante supervisão das atividades são fundamentais para promover melhora na segurança e na ergonomia do dia a dia das graxarias.
Também é importante utilizar um Mapa de Riscos. Esta é uma ferramenta utilizada pelo setor de segurança e medicina do trabalho nas empresas e visa identificar os focos nos quais os operários estejam expostos a riscos químicos, físicos, biológicos, ergonômicos ou acidentais.
Além de programas de treinamento e da formatação do mapa de riscos, é de fundamental importância ter um perfeito domínio das recomendações fornecidas pelos fabricantes das máquinas, desde a correta lubrificação até a PMTA (Pressão Máxima de Trabalho Admissível) para os digestores, autoclaves e demais vasos de pressão utilizados na graxaria.
Por fim, essas máquinas devem ter a máxima qualidade, por isso priorizar os melhores fabricantes de equipamentos para graxarias é imprescindível.
Para saber mais sobre a importância do setor de reciclagem animal e sua relação com a sustentabilidade, confira nosso e-book exclusivo.